05/09/2024 às 11h24min - Atualizada em 05/09/2024 às 11h24min

Agricultor aposta no cultivo de sorgo e almeja crescimentos na produção

Luane Dieh
Jornal Força d'Oeste
Luane Diehl
A cultura do sorgo vem ganhando destaque no cenário agrícola brasileiro como uma alternativa versátil e robusta. Cultivado em diversas partes do mundo, o sorgo se destaca por sua adaptabilidade a condições adversas.
Com um valor nutricional próximo ao do milho, estudos comprovam que o grão de sorgo pode ser utilizado em até 100% em substituição ao milho em dietas de aves, suínos e bovinos.
Além de ser uma escolha estratégica na diversificação das culturas, o sorgo proporciona segurança, rentabilidade e estabilidade ao produtor. É o que aponta Diogo Davi Follmann, de La. São Ludgero/Itapiranga.
Diogo é Engenheiro Agrônomo, formado pela UDESC de Lages. Desde a infância acompanhou as atividades agrícolas dos pais no interior de Itapiranga. “Minha trajetória iniciou aqui na La. São Ludgero. Posteriormente me ausentei da propriedade para cursar a faculdade em Lages. Após isso atuei no Paraná e também no Pará como consultor de vendas, prestando assistência técnica e fazendo pesquisas. Em 2016 retornei para a propriedade onde meus pais que já trabalhavam com produção de ovos de galinha e bovinocultura leiteira”, informa.
Há 4 anos a família Follmann realiza o cultivo de sorgo, uma cultura agrícola que se destaca pela sua capacidade de suportar o estresse hídrico, tornando-se uma opção para os produtores que buscam complementar a janela de cultivo do milho e estender sua safrinha com maior segurança. Além disso, o sorgo não é hospedeiro dos patógenos dos enfezamentos transmitidos pela cigarrinha do milho o que o torna uma ferramenta valiosa na redução do potencial de inoculo dessas doenças. 
Conforme Diogo, o sorgo apresenta uma estabilidade de produção, o que explica isso é a sua principal característica: a eficiência em transformar água em matéria seca. “A planta consegue converter bastante matéria seca com pouca água. Além disso, ela tem uma característica de raiz bem agressiva, que se alastra em uma área grande. Com isso, o sorgo explora muito bem o solo, fazendo a ciclagem de nutrientes, buscando nutrientes que outras plantas não conseguem aproveitar. O que faz dele uma cultura que não requer um grande investimento”. No entanto, Diogo destaca que sempre é preciso levar em consideração a análise de solo e a sua condição. Se o solo estiver equilibrado, ele irá produzir.
Sobre sua rentabilidade, o Engenheiro Agrônomo e agricultor Diogo explica que tem variado entre 50 a 80 sacas por hectares. “O ciclo de colheita do sorgo que plantei é de aproximadamente 110 dias, podendo variar conforme o clima. Colhemos ele com uma ceifa normal, trazemos o grão até a propriedade e fazemos a limpeza. O grão é armazenado no silo secador e ali o mantemos estocado até ser destinado para a fabricação de ração. Vamos gastando ele dia após dia na ração, em percentuais que eu ajusto na dieta das aves e dos ruminantes também”, destaca.
Na propriedade da família Follmann de La. São Ludgero, há uma demanda anual de aproximadamente 8 mil sacas de grãos, havendo uma capacidade de estocagem de 6 mil sacas no silo secador. Quando o ano é propício, essa quantidade consegue ser atingida com as áreas colhidas na propriedade, o que nos últimos anos foi extremamente complicado devido aos fatores climáticos adversos. Além do sorgo, na propriedade mantem-se a produção de milho e trigo.
“Como a produção de ovos não é integrada com uma empresa, todo o ciclo completo de produção ocorre na propriedade. Fazemos todo o trato dos animais e a fabricação da ração, tanto das vacas quanto das aves de postura. É uma forma de diminuir custos, pois a ração que compramos já pronta possui um valor elevado”, explica Diego.
Diego Follmann ressalta que os desafios na agricultura são diários e é necessário um bom planejamento para a produção se tornar viável. “Não tem como falar de produção agrícola sem falar de custos. A propriedade só é sustentável quando você tem uma rentabilidade, seja ela a curto, médio ou longo prazo. E como a gente vem sendo desafiado a cada dia pelas intempéries climáticas, tivemos nos últimos anos grande dificuldade em entregar uma produtividade razoável. O custo de produção tem sido elevado e a rentabilidade vem caindo. Então, somos desafiados a fazer cálculos e buscar soluções para contornar o problema. Como eu mesmo formulo a ração dos animais, temos toda uma estrutura de secagem e armazenagem. Podemos plantar culturas alternativas, e o trigo é muito importante como cereal de inverno. Já no verão, o sorgo é uma ferramenta tão quanto importante o milho, pois possui características muito particulares, se tornando uma cultura estável para o produtor”, pontua.
Para produzir a quantidade necessária de grãos, a família Follmann aluga terras. Plantam anualmente 25 hectares de milho, 10 hectares de trigo e aproximadamente 20 de sorgo. Hoje a propriedade trabalha com mão de obra familiar. “Aqui trabalham a minha companheira Marta e meus pais Luísio e Maria. Também contamos com o auxílio mais indireto dos meus irmãos Tomas e Tânea. Além da mão de obra familiar, possuímos mão de obra contratada, com o funcionário Rafael, que trabalha a campo; o Laerte, que trabalha com o trato dos animais e coleta de ovos; a Simone, que trabalha na limpeza e classificação, e a Carla, que trabalha na industrialização dos produtos. Ou seja, temos quatro familiares e quatro contratados fixos, sem contar com a prestação terceirizada, principalmente em época de colheita”, pontua Diego. A atividade principal da propriedade é a produção de ovos, que demanda maior aporte financeiro e possui maior rentabilidade.
Sobre o cultivo do sorgo, o Engenheiro Agrônomo e agricultor destaca que a tendência é aumentar a produção, inclusive buscando parceiros que possam ter interesse em fazer o cultivo em uma safrinha. “Quem quiser pode entrar em contato conosco para fazer o cultivo do sorgo e eventualmente negociarmos uma venda, a gente está sempre aberto para negociações, inclusive para prestar ajuda ao produtor, pois vejo que muitos possuem uma carência grande de informações técnicas, principalmente de culturas não tão batidas, como o milho e a soja. O sorgo é uma cultura alternativa que necessita de manejo diferenciado para ter sucesso, e a informação é o primeiro passo”, finaliza.
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://comcoope.com.br/.