Luane Diehl O empresário Lazie De Col, natural do Rio Grande do Sul, reside e trabalha em Itapiranga há cerca de 23 anos. Com um grande vínculo com a cultura gaúcha, Lazie trouxe consigo a tradição da criação de ovelhas.
“O estado do Rio Grande do Sul é um grande produtor de ovinos a nível nacional, tanto para comercialização da lã como também da carne. Gaúcho por natureza, tenho comigo a ovinocultura como uma tradição. Em um primeiro momento o objetivo foi a criação dos animais para consumo próprio, pois gosto muito de utilizar a carne de ovelha dentro da minha alimentação”, informa Lazie.
Ele destaca que aprendeu a lidar com o manejo da ovinocultura ainda criança, na lida com seus pais. Atualmente, Lazie dá continuidade à atividade na Cabanha Záquia Caverá, sítio que fica localizado na divisa entre La. Sede Capela e La. Dourado, interior de Itapiranga.
“Sempre observei na ovinocultura uma possibilidade agregar renda na propriedade. No iniciou trabalhávamos com mais raças, porém com o tempo limitamos apenas para a raça Texel, focando na qualidade e pureza genética dos animais. O objetivo principal hoje é a comercialização dos ovinos para a reprodução, o excedente é comercializado para frigoríficos”, informa o empresário.
Lazie explica que a qualidade genética do animal é muito importante para seu desenvolvimento. O custo e o manejo de um animal com genética superior é o mesmo do que em um animal de genética inferior. A diferença se encontra na rapidez de seu crescimento e um volume e qualidade de carne maior.
Sobre o manejo, Lazie informa que a ovinocultura é mais simples do que a criação de outros animais. Em um período de 6 meses uma ovelha já está pronta para o abate. “Comparado com outros animais, no caso das ovelhas é possível produzir um volume maior de animais em menos tempo. O manejo é simples, soltamos as ovelhas de manhã nos piquetes e de tarde as recolhemos no galpão coberto”.
O produtor detalha que a alimentação das ovelhas é à base de pasto. “É um animal que se adapta fácil, só não gosta de pasto muito fibroso. Prefere as variedades aruana, jigues, tifton e estrela africana. Além disso se faz necessário o trato de mineral no cocho para suprir os nutrientes que não se encontram no pasto”, informa.
Na parte sanitária, os principais cuidados destacados por Lazie são em relação às doenças de casco, parte mais sensível do animal, e com as verminoses. É necessário fazer uma rotação e manejo de piques para quebrar o ciclo dos vermes e fazer o controle da doença.
Com 17 anos de experiência na atividade exclusivamente em Itapiranga, Lazie adquiriu as primeiras matrizes durante uma exposição feira no município de Chapecó. Os demais animais ele adquiriu com produtores que enceraram suas atividades no município de Itapiranga. “Com o passar do tempo fui selecionando os melhores. O macho comprei no município de Água Doce-SC, em uma propriedade com criação de alto padrão genético. Atualmente conto com 35 matrizes e 1 macho. Em épocas de parição, chego a ter mais de 90 animais”.
A raça Texel Conforme estudos da Embrapa, a raça Texel é originária da ilha de Texel, na Holanda. O ovino Texel apresenta tamanho médio a grande, é compacto, com massas musculares volumosas e arredondadas, constituição robusta, evidenciando vigor, vivacidade e uma aptidão predominantemente para corte. É muito precoce e produz ótima carcaça, com reduzida quantidade de gordura. A característica mais marcante desta raça é o desenvolvimento muscular, com boa área de olho de lombo e pernil com baixa deposição de gordura.
É uma raça rústica, muito dócil, produzindo bem nos sistemas extensivo e semi-intensivo. Em condições de pastagens, entre os 30 e 90 dias de idade, os cordeiros machos têm ganhos de peso médio diário de 300 g e as fêmeas de 275 g. Aos 70 dias de idade machos bem formados atingem 27 kg e as fêmeas 23 kg.
É prolífera, atingindo índices de nascimento de até 160%. Atualmente é considerada uma raça de carne e lã, pois além de uma carcaça de ótima qualidade e peso, produz ainda apreciável quantidade de lã.
Lazie De Col destaca que escolheu trabalhar exclusivamente com essa raça pela sua rapidez no crescimento e principalmente pela sua carne de alta qualidade e sabor inconfundível.
Principais raças de ovinos no Brasil A espécie ovina tem diversas aptidões, suas raças são divididas de acordo com as aptidões para lã, carne, pele, leite ou dupla aptidão. No mundo, há de 800 a 1000 raças de ovinos. Alguns autores citam cerca de 1400.
As raças mais criadas no Brasil são: Border Leicester; Bergamácia Brasileira; Cariri; Corriedale; Crioula; Dorper; East Friesian; Hampshire Down; Ideal; Ile de France; Karakul; Lacaune; Merino; Morada Nova; Poll Dorset; Polypay; Rabo Largo; Romney Marsh; Santa Ines; Somalis Brasileira; South African Mutton Merino; Suffolk; Texel; White Dorper.
Ovinocultura e mercado Conforme Lazie, no momento o quilo de carne de ovelha está sendo comercializado pelo produtor no valor de 28 a 30 reais para o frigorífico, valor bem maior se comparado ao quilo da carne bovina.
Uma cordeira matriz é comercializada na propriedade por uma média de 900 a 1100 reais. Matrizes prenhas são mais caras. Já o reprodutor está na faixa de 3 mil reais.
“Hoje faltam ovinos para a demanda do mercado. A ovinocultura está em período de transição. Ainda há muitos produtores trabalhando de forma informal por falta de estrutura frigorífica e escala de distribuição. Além disso ainda enfrentamos um pequeno preconceito em relação à carne de ovelhas, pois antigamente se trazia muito animal de descarte com uma carne de péssima qualidade. Com isso criou-se uma pequena fama de que carne de ovinos não é boa para consumo, e algumas pessoas ainda acreditam nisso. Mas aos poucos esse pensamento vem mudando”, explica o empresário.
Entre as atividades desenvolvidas por Lazie, destaca-se o trabalho em parceria com o SEBRAE na realização de projetos de desenvolvimento tecnológico de gado de leite, gado de corte e questões de saneamento dos rebanhos. Um desses projetos se refere à ovinocultura no Estado, junto com a Secretaria de Agricultura estão montando uma rede de produção de carne ovina para abastecer o mercado.
A ovinocultura tem crescido globalmente devido à demanda por produtos derivados de ovinos. No Brasil, a atividade se recupera após uma queda nos anos 1990, especialmente em Santa Catarina (SC), onde a agricultura familiar desempenha papel relevante. Conforme a Embrapa, Santa Catarina possui um rebanho de ovinos relativamente menor em comparação com outros estados, mas ainda assim é um importante participante nas exportações e nas importações.