05/09/2024 às 09h37min - Atualizada em 05/09/2024 às 09h37min

Solo regenerado: produtores implantam terraços para evitar a erosão

A rotação de culturas e a cobertura de solo igualmente são benéficas

Vandro Welter
Jornal Força d'Oeste
Vandro Welter
Com a expansão e a crescente necessidade gerada pelo aumento da produção alimentícia, produtores buscam integrar o sistema de produção para produzir mais, sem necessariamente expandir as áreas de produção. Esse caminho passa pela conservação de solo com adoção de práticas que tornam a produção agrícola mais sustentável, minimizando os custos com insumos e otimizando o aproveitamento da área de plantio.
O solo é o princípio de tudo e a melhoria e conservação deve ser constante. Aliado a rotação de culturas, outras práticas devem ser inseridas no processo de conservação do solo.
De uns anos para cá práticas conservacionistas vêm sendo implementadas por agricultores. Um exemplo vem do Agrofamiliar Wolfart da família de Afonso e Josefina Wolfart de La. Medianeira/São João do Oeste. A propriedade mantém um sistema equilibrado e tem como base a conservação do solo, sendo que entre as práticas aplicadas estão as curvas em leve desnível/terraços, rotação de culturas e cobertura verde.  
 
AGROFAMILIAR WOLFART
Os familiares Wolfart mantém mão de obra familiar na propriedade de aproximadamente 60 hectares na comunidade de La. Medianeira. A propriedade bem estruturada é capitaneada pelos pais Afonso e Josefina e encontra nos filhos Cassiano, Dilnei, Guilherme e César uma mão de obra qualificada com formação no ramo agropecuário.
Na propriedade são desenvolvidas várias atividades, tendo áreas para fins de lavoura, pastagem para produção leiteira e gado de recria perfazendo 80 bovinos, sendo 40 vacas em lactação. Além disso, trabalham com suinocultura com 1.230 suínos e atuam com prestação de serviços de máquinas.
 
CURVAS DE NÍVEL/TERRAÇOS
Com o propósito de conservar o solo e evitar a erosão, a partir de 2017 começaram a implementar a prática de curvas de desnível ou terraços. Essa iniciativa já está presente em ao menos 20 hectares. Para isso tiveram apoio técnico da Epagri de São João do Oeste.
De acordo com o jovem agricultor e acadêmico de agronomia, Cassiano Wolfart, por meio das curvas de desnível conseguiram diminuir exponencialmente a erosão do solo, controlando a água na lavoura, preservando melhor o solo e segurando os nutrientes.
“Estamos ampliando a cada ano as curvas de desnível. O caimento ou desnível dos terraços é de aproximadamente 1,5 a 2%. As curvas de desnível são mais apropriadas para a nossa região que possui áreas mais declivosas. Percebemos a diminuição da erosão, permanecendo mais água na lavoura, sendo que o excedente de água é escoado com mais calma, preservando melhor a camada mais fértil do solo e não mais é levado pelas águas da chuva. Tudo isso culmina em melhor produtividade. Outro cuidado tomado é em relação ao plantio em nível, os manejos de pulverização e adubação seguindo as curvas de desnível”, explica Cassiano.
Wolfart comentou sobre a importância da rotação de culturas. “Durante o ano temos a rotação de culturas com milho, soja, trigo e cobertura verde. Em algumas partes apenas fazemos silagem somente na safra. Sempre deixamos uma palhada para manter o solo coberto. Todo esse conjunto de ações traz o bom resultado que estamos tendo”, pontuou.  
 
ASSESSORAMENTO TÉCNICO
A Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), autarquia vinculada ao governo do Estado, possui escritório em todos os municípios do estado e seu corpo técnico presta apoio e assessoramento aos produtores catarinenses.
De acordo com o extensionista da Epagri de São João do Oeste, Jorge Schroeder, o trabalho da Epagri é também orientar a melhor forma de trabalhar as áreas e onde se pode demarcar terraços. Segundo ele, conservar o solo é manter a área de lavoura lucrativa. Ele entende que muitas lavouras precisariam de mais atenção em relação a erosão de solo e que o agricultor deveria levar em conta o manejo da área e tentar evitar a compactação, manter palhada e conforme o caso fazer terraços.
“Há uma adesão pequena e constante a essa prática, mas se torna um número considerável ao longo de anos. Existe procura maior em períodos mais chuvosos e à medida que os produtores tomam conhecimento dessa prática. As vezes há uma relutância pelo medo de que os terraços vão atrapalhar a mecanização, mas a necessidade de manejar a água na lavoura é maior, e é possível conviver com os terraços mesmo com os inconvenientes”, informa.
Jorge Schroeder entende que o terraço se soma as demais práticas de cultivo para evitar a erosão de solo. “Muitas vezes o melhor uso do solo que fica em áreas íngremes não é fazer silagem e sim a colheita de grãos ou pastagem perene”, pontua.
Schroeder explica que há dificuldade de trabalhar com terraços em áreas de muito morro onde se trabalha com mecanização. “Os terraços feitos em nossa região são em desnível, geralmente entre 0,5 e 2%, pois não conseguimos fazer uma estrutura que segure toda a água na lavoura. Segurar a água onde ela cai é o ideal, mas só foi possível fazer isso em áreas pouco declivosas”, conclui.  

 
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