05/09/2024 às 08h57min - Atualizada em 05/09/2024 às 08h57min

Sobressemeadura de pastagens garante alimento para o gado no inverno

Produtor impulsiona produção de leite com aveia e azevém

Vandro Welter
Jornal Força d'Oeste
Vandro Welter
A sobressemeadura consiste em plantar pastagens anuais de inverno sobre a pastagem perene de verão. Com essa medida, a produção das forrageiras de inverno preenche o vazio criado pelas espécies de verão. Em nossa região é comum a sobressemeadura de aveia e azevém para suprir a alimentação do gado no período mais frio do ano.
Na propriedade de Marcos e Elaine Stulp, o casal trabalha com a produção de leite. Localizada na saída da cidade de São João do Oeste, na estrada geral para La. Ervalzinho, nela a prática da sobressemeadura sobre a pastagem perene vem gerando resultados altamente satisfatórios.
Com uma área total de 9,5 hectares, aproximadamente seis hectares são de pastagem perene. Quando o casal comprou a propriedade, há 14 anos, a área era quase toda de lavoura. Com a implantação de inúmeros piquetes fixos, o gado desloca-se de um piquete até o outro por meio de um corredor fixo de aproximadamente quatro metros de largura.
“Iniciamos a implantação de pastagens perenes, tendo feito várias experiências com inúmeras variedades. De uns anos para cá damos ênfase na implantação da Estrela Africana Roxa, sendo que esse trabalho estou continuando e em breve pretendo estender por toda a extensão da propriedade em função da excelente adaptação e resultados obtidos com essa grama”, enumera Marcos Stulp.
O produtor lembra que quando iniciou a produção leiteira, os primeiros carregamentos foram de apenas 30 litros/dia, tendo naquela época somente quatro vacas. Destaca que em 2023 atingiu o ápice, produzindo aproximadamente 27 mil litros mês, perfazendo 900 litros/dia.
Com um plantel misto de 30 vacas, tendo 25 em lactação, ainda possui novilhas para a reposição. Mantendo duas ordenhas por dia, os trabalhos são desenvolvidos pelo Marcos e a Elaine.
Os dois filhos do casal não residem na propriedade, sendo que o rapaz está em Sinop/MT e atua como engenheiro civil e a filha está na Alemanha.
 
ESTRELA AFRICANA TALO ROXO
Na propriedade há pastagem perene, sendo que a maior parte é da variedade Estrela Africana Talo Roxo. O casal de produtores também mantém pastagem de inverno pelo método de sobressemeadura por pisoteio com aveia e azevém, trabalhando de forma consorciada.
“Durante o inverno, a sobressemeadura de aveia desenvolve por primeiro e mais tarde é o azevém que toma conta sobre a pastagem perene de Estrela Africana Talo Roxo, sendo que o ciclo do azevém é mais longo”, comenta.
Marcos Stulp informa que até poucos anos uma parte da pastagem nos piquetes era constituída pelo capim Tífton 85, aruana, mombaça e brachiarias, mas acabou tirando e migrando para Estrela Africana Talo Roxo pela sua resistência ao pisoteio e rusticidade nos períodos críticos de Entressafra.
“Durante o inverno a pastagem de Estrela Africana entra em período de manutenção, não se desenvolvendo. Já os complementos no coxo sempre estamos comprando e assim otimizando a pouca lavoura que temos, tendo boa produção e com custo reduzido”, enaltece.
O produtor enfatiza que a vantagem das pastagens perenes é o fato de não ter período de transição, sendo que após o inverno essa pastagem perene se desenvolve, saindo da dormência.
“A grama Estrela Africana Talo Roxo é um pasto que se adapta fácil e aguenta boa lotação de animais. Além da qualidade nutritiva e o desenvolvimento muito rápido. Já a manutenção desse capim pode mudar de uma propriedade para outra, sendo que os cuidados em relação ao manejo sempre são fundamentais”, pontua Marcos Stulp.
 
CONHECIMENTO TÉCNICO
O engenheiro agrônomo e responsável técnico e administrativo da Coopafasjo, Dirceu Babick, está acompanhando as atividades e a evolução da propriedade do casal, Marcos e Elaine Stulp. 
De acordo com o profissional, o sistema semiextensivo tem se mostrado mais rentável considerando as atuais flutuações do mercado. “Sem altos investimentos está sendo possível uma boa receita e sobras”, avalia.   
De acordo com Dirceu Babick, a sobressemeadura em pastagens perenes de verão por meio de aveia e azevém está tornando-se uma prática que tem por objetivo garantir a produção de forrageiras durante a estação fria do ano, quando a pastagem de verão não se desenvolve. Destaca que essa prática possibilitaria aumentar a taxa de ocupação da propriedade que tem o manejo Semi-intensivo.
“Nesse manejo o produtor faz o uso de pastagens de verão sobre semeados com pastagens de invernos e suplementa o cocho com silagem, feno, pré-secados e concentrados”, informa.  
Babick igualmente enfatiza os ganhos em relação a manutenção da qualidade dos solos.
“Esse sistema possibilita que o produtor intensifique a produção de pastagens e aumente a produção de leite, mas preservando melhor o solo. Sempre permanece uma cobertura em palhada, diferentemente de lavouras de milho/silagem, quando é tirado mais de 70% da planta, não ficando palha para proteção natural do solo”, sentencia o agrônomo.
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