15/08/2024 às 17h33min - Atualizada em 15/08/2024 às 17h33min

Vida na roça: Desafios e esperança de uma família produtora de leite

Com décadas de dedicação ao campo, Eliane compartilha suas lutas diárias e sonhos para o futuro na Linha São José em Anchieta

Jéssica Rebelatto
ASO/Ruthe Kezia

Na tranquila Linha São José, uma pequena comunidade rural, no município de Anchieta, Elaine de Fátima Sugueto e sua família, oferecem um retrato autêntico da vida do campo. A história de sua família é um testemunho de dedicação, trabalho árduo e amor pela terra, moldada por décadas de desafios e conquistas.

Eliane, que chegou na região há 25 anos, destaca a longa jornada de sua família. “Minha sogra está aqui desde antes da cidade ser fundada. No início, havia apenas uma ou duas casas”, conta. A família, inicialmente envolvida na agricultura de grãos, mudou seu foco para a produção de leite, uma decisão que moldou sua trajetória. 

O trabalho é intenso e exigente. Eliane, seu marido João Pedro e seus filhos cuidam de cerca de 22 vacas leiteiras. “Todo trabalho é manual. Não temos maquinários, então fizemos tudo no braço”, explica. A rotina começa cedo, com a ordenha das vacas às 5h da manhã. Após a ordenha, seguem a preparação da ração, enfrentando uma rotina que exige esforços contínuos e sem pausas. 

“Não temos feriados, nem tempo para descanso. A vida no campo é uma corrida constante, independente das condições climáticas”, lamenta Eliane. A família vive principalmente da venda de leite para laticínios, com uma produção mensal de cerca de 8 mil litros. No entanto, o preço do leite, que atualmente é de R$ 2,50 por litro, varia e afeta diretamente a rentabilidade.

A produção de leite é a principal fonte de renda da família, mas não é suficiente para garantir uma vida financeira confortável. Além do leite, eles cultivam hortaliças e possuem alguns pés de nozes, embora esses itens não contribuam significativamente para o orçamento. O custo da ração, essencial para alimentar as vacas, é uma preocupação constante. “Vivemos de maneira modesta, mas estamos investindo na educação dos nossos filhos para terem mais oportunidades no futuro”, explica Eliane.

O trabalho no campo é fisicamente desgastante. “Não aconselharíamos nossos filhos a seguir esta vida. Queremos que eles estudem e busquem outras opções”, confessa Eliane, que, apesar das dores do esforço diário, encontra satisfação em seu trabalho. “Mesmo sendo uma vida sofrida, nós amamos o que fazemos. É um trabalho duro, mas é nossa vida. É como dizem: quem nasce no campo tem amor pelo campo”. 

A família enfrenta um cotidiano marcado pela resiliência e adaptação. A variação do preço do leite e os desafios climáticos, como a chuva excessiva que prejudica o crescimento do pasto, afetam a produção e a renda. Mesmo assim, a família se mantém firme, realizando adaptações como a instalação de painéis solares para reduzir os custos com energia elétrica. 

Eliane e João, ambos na faixa dos 40 anos, lidam com dores constantes decorrentes do trabalho físico intenso. “Depois de um dia longo, nossas dores são intensas. Às vezes precisamos tomar anti-inflamatórios para suportar o trabalho”, revela Eliane. Apesar dos desafios, a dedicação à produtividade e a vida no campo é evidente. 

A esperança da família é que a próxima geração encontre equilíbrio entre o trabalho no campo e outras oportunidades. “Queremos que nossos filhos estudem e busquem uma vida melhor, mesmo que isso signifique deixar o campo”, conclui Eliane. A vida no campo, para essa família, é marcada pela paixão pela terra e pelo trabalho, mas também por um desejo de proporcionar um futuro melhor para seus filhos. 


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